11/03/2014
Centros espíritas atendem mais que grandes
hospitais
Com informações da Agência USP de Notícias
Um levantamento realizado em 55
centros espíritas da cidade de São Paulo aponta que, juntos, os atendimentos
espirituais chegam a cerca de 15 mil por semana (60 mil ao mês).
"Este número é muito superior ao
atendimento mensal de hospitais como a Santa Casa, que atende cerca de 30 mil
pessoas, ou do Hospital das Clínicas, com cerca de 20 mil atendimentos",
destaca o médico psiquiatra Homero Pinto Vallada Filho, professor do
Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.
A média relatada de atendimentos
semanais em cada instituição foi de 261 pessoas.
"Sabemos, por meio de vários
estudos, que a abordagem do tema religiosidade ou espiritualidade
exerce um efeito bastante positivo na saúde de muitos
pacientes. Por isso, podemos considerar a terapia complementar religiosa ou
espiritual como uma aliada dos serviços de saúde", revela,
lembrando que, geralmente, o paciente não tem o hábito de falar sobre suas
crenças religiosas e muito menos de contar que realiza tratamentos espirituais
em centros espíritas.
Vallada Filho foi o orientador do
estudo, que foi realizado pela médica Alessandra Lamas Granero Lucchetti.
Cirurgias
espirituais
A ideia foi mostrar a dimensão do
trabalho realizado pelos centros espíritas, o grande número de atendimentos
prestados e os diferentes serviços oferecidos.
Observou-se também que apenas uma
pequena minoria dessas instituições realiza cirurgias espirituais, sendo todas
sem cortes.
Em seu trabalho, a pesquisadora
descreve passo a passo uma terapia complementar espiritual para pacientes com
depressão realizada na Federação Espírita do Estado de São Paulo.
Alessandra realizou um levantamento
inicial de todos os centros espíritas da capital paulista que possuíam site na
internet contendo endereço de contato. A médica chegou ao número de 504
instituições.
Kardecistas
Neste levantamento, foram pesquisados
apenas centros espíritas "kardecistas", que seguem as ideias do
pedagogo francês Hippolyte Leon Denizad Rivail, mais conhecido pelo pseudônimo
de Allan Kardec - uma espécie de ortodoxia do espiritismo.
Entre os resultados, foi observado
que a maioria são centros já estabelecidos e que têm mais de 25 anos de
existência, sendo o mais velho funcionando há 94 anos e o mais jovem com 2
anos.
Em quase todos, os usuários são
orientados a continuar com o tratamento médico convencional, caso estejam
fazendo algum, ou mesmo com as medicações indicadas pelos médicos.
Os principais motivos para a procura
pelo centro foram os problemas de saúde: depressão (45,1%), câncer (43,1%) e
doenças em geral (33,3%). Também foram relatados dependência química, abuso de
substâncias, problemas de relacionamento. Entre os tratamentos realizados, a
prática mais presente foi a desobsessão (92,7%) e a menos frequente foi a
cirurgia espiritual, (5,5%), sendo todas sem uso de cortes.
Mediunidade
Quanto à diferenciação entre
experiência espiritual e doença mental, realizada com base em nove critérios
propostos pelos pesquisadores Alexander Moreira Almeida e Adair de Menezes
Júnior, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a média de acertos foi
de 12,4 entre 18 acertos possíveis. Apenas quatro entrevistados (8,3%) tiveram
100% de acertos.
Entre esses critérios, estão a
integridade do psiquismo; o fato de a mediunidade não trazer prejuízos em
nenhuma área da vida; a existência da autocrítica; e a mediunidade sendo
vivenciada dentro de uma religião e cultura específicos, entre outros.
"Esse levantamento procurou
descrever as atividades realizadas nos centros espíritas e salientar não só a
grande importância social desempenhada por eles, mas também a grande
contribuição ao sistema de saúde como coadjuvante na promoção de saúde, algo
que a grande maioria das pessoas desconhece", finaliza.